sábado, 24 de maio de 2008

À uma cidade

Madrid, 06 de janeiro de 2008

À uma cidade
Por Gui Campos

Qual mulher misteriosa,
pouco a pouco te revelas.
E eu, estranho forasteiro
estranho não conhecer-te.

Caminho por teus caminhos,
descobrindo a cada dia
uma nova ruazinha
onde eu nunca estivera.

Ouço ao longe teus ruídos:
risos, pessoas e festas
que nunca te deixam dormir.

Na solidão dessa noite
confesso que, despacito,
yo me enamoro de ti.

Um comentário:

... disse...

Enamorar por cidades.
por cheiros. por cores.
E há no mundo, melhor que esses amores?
Não é só de sangue, tecido e pulmões que vive os nossos corações...
Há sim, cimento.
E tintas frescas ou desgastadas.
Há ruas descobertas na alvorada.
E pra que dormir, já que está ai?
É melhor se exibir, dançar o tango espanhol.. É tango que se dança ai?
Já ando tão globalizada que as vezes confundo china com cuba...
Porque será que nasci meio pisciana, meio confusa?

Sinto falta de ti.
De alguém que enamora cidades.

Aqui o cimento continua friozinho... As vezes aparece potes de tinta que experimento nas minhas paredes mofadas.
Quem sabe assim, uma dia, na minha cidade sem esquina (que enamoro as escondidas), ei de encontrar o vermelho certo pra as noites enluaradas!