sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mayra Andrade - Navega






É lapidu na bo, menina. Ê ê ê ê.
Por Gui Campos

Outra africana que eu descobri esses dias e que estou totalmente viciado é a Mayra Andrade. Aconselho a quem está lendo apertar o "play" acima para escutá-la enquanto lê o texto e decide se compra o CD (ou baixa da internet).

Mayra Andrade veio de Cabo Verde, um arquipélago na costa da África, ex-colônia portuguesa, onde falam além do português o crioulo, uma língua que surgiu da mistura entre o português e o idioma dos africanos trazidos para as ilhas de Cabo Verde como escravos.

Escutar Mayra Andrade para nós, brasileiros, tem um gostinho ainda melhor, porque entendemos algumas palavras soltas do que ela diz, e acabamos "inventando" a letra das músicas. Além disso, o crioulo soa lindo, faz uma cosquinha no ouvido.

As músicas têm claramente influências do Brasil, e lembram um samba ou um chorinho (há inclusive um cavaquinho), mas com um ritmo bem africano. Já cantou inclusive com brasileiros conhecidos como Chico Buarque e Lenine, e esteve em São Paulo no final de 2007, onde se apresentou 3 vezes.

Além do crioulo, no disco canta também em francês. O título de seu disco, Navega, é uma referência ao fato de que suas músicas navegam pelas águas de muitos países, mas sempre enraizada na cultura de Cabo Verde.

História
Mayra Andrade nasceu em Cuba, em 1985. Filha de pais cabo-verdianos, cresceu em Cabo Verde, mas morou em Senegal, Angola, Alemanha e França. Com dezesseis anos se apresentou e foi premiada em um concurso de Francofonia no Canadá. Passou por vários festivais em todo o mundo e em 2006 regressou para gravar seu primeiro disco, Navega.

Com este seu álbum inicial já ganhou "Disco de Ouro" em Portugal, "Preis de deutschen Schallplattenkritik" na Alemanha e "Artista Revelação de Worldmusic" nos prêmios anuais da BBC britânica.

Deixo aqui indicações de onde encontrar mais informações sobre ela e seu primeiro disco na Internet. Espero que vocês escutem e se deliciem. E talvez até se viciem também, como eu.

Na Internet
Página oficial
Comprar disco (Amazon -U$ 32,99)
Comprar disco no Brasil (i-Música - R$22,50)
Baixar disco (4shared)
Baixar disco (Torrent)

sábado, 24 de maio de 2008

À uma cidade

Madrid, 06 de janeiro de 2008

À uma cidade
Por Gui Campos

Qual mulher misteriosa,
pouco a pouco te revelas.
E eu, estranho forasteiro
estranho não conhecer-te.

Caminho por teus caminhos,
descobrindo a cada dia
uma nova ruazinha
onde eu nunca estivera.

Ouço ao longe teus ruídos:
risos, pessoas e festas
que nunca te deixam dormir.

Na solidão dessa noite
confesso que, despacito,
yo me enamoro de ti.

domingo, 11 de maio de 2008

Mafalda e Drummond


Mafalda e Drummond
Por Gui Campos

Domingo de sol em Madrid, um lindo domingo de sol, e como não estudei nada desde sexta minha consciência não me deixa ir curtir o dia em um parque ou em nenhum outro lugar. Logo, estou fadado a passar o dia em casa estudando. Acabei de fazer e comer o meu almoço e estou enrolando para começar a estudar, lendo umas tirinhas da Mafalda.

Então resolvi colocar essa que eu gostei aqui (se não conseguir ler é só clicar na tirinha que ela abre maior). E aproveito que estou postando pra falar do Drummond também.

Nunca li muitas coisas do Drummond. Gostava da pedra no meio do caminho mas achava que também não era essa coca-cola que todo mundo fala. Já a do João que amava Teresa, que não amava ninguém me parecia mais interessante, principalmente pelo surgimento inesperado do J. Pinto Fernandes no final da história.

Eu gosto do modernismo. Mas me identificava mais com o Mário Quintana, que é quem escreveu o conhecido:

"Todos estes que aí estão,
Atravancando o meu caminho
Eles passarão.
Eu, passarinho."

Ou então com o Manuel Bandeira e o seu genial Pneumotórax:

"Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:
- Diga trinta e três.
- Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . .
- Respire.
...............................................................................................................
-O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."

Mas ainda não havia encontrado no Drummond essas coisas que fazem alguém passar do conceito de um escritor interessante a alguém genial. E eis que a sorte me fez mudar de idéia.

Meus pais vieram fazer-me uma visita e, como o vôo deles era Brasília-Lisboa, peguei um ônibus e fui até lá encontrá-los na capital lusitana. Aproveitei o final de semana em Portugal para comprar livros em português. E caminhando por uma feirinha de livros baratos vi um livro do Drummond.

Eu estava procurando na realidade por alguma coisa da Clarice Lispector ou da Hilda Hilst, as quais eu conheço bem pouco e queria ler mais coisas. Mas a sorte trouxe-me às mãos um livro do Drummond. Tudo bem.

Em um momento meio Amelie, pensei: "se o trecho do livro que eu abrir for interessante eu compro". Acabou que eu comprei não só o livro, mas o Drummond inteiro. Passou à minha lista de escritores fodões - com certo atraso, confesso.

Bom, deixo aqui o trecho que eu li. O livro se chama "De notícias e não notícias faz-se a crônica". E confesso que, depois de dar a Drummond a chance de convencer-me, já li várias coisas dele que me parecem geniais. E eu adoro que alguém me convença de que é genial. Faz o mundo parecer menos chato se há (ou houve um dia) pessoas assim interessantes.

Chega de blá-blá-blá. Aí o trecho:

Moça na chuva
Carlos Drummond de Andrade
(...)
Moça na chuva: ficam mais bonitas na chuva, ar de andorinha assustada, pula aqui, desguia ali, molha menos do que homem, até nem molha. Há quem as confunda com um raio de sol. Moça é o sol da chuva, sentenciou o poeta Brandãozinho, 18 anos, extasiado. O pai, amadurecido, corrige:
- Moça é o sol, a lua, as estrelas e tudo mais que brilha.
- Pai, você, hem?
- Cale a boca, juvenil, e admire a luz brincando n'água.
(...)


Abraços e feliz domingo de sol a todos. Eu agora clico em "publicar postagem" e finalmente começo a estudar.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Próxima Estación: Tribunal



Móvil Film Fest
por Gui Campos

Bom, deixo aqui o link para um filme que eu fiz que está concorrendo em um festival de filmes feitos em celular. O nome é "Próxima Estación: Tribunal". Os amigos, por favor, cliquem no link e dêem 5 estrelas, né?

Eu queria ter inscrito no festival de filmes curtos de Brasília mas comi mosca e perdi a data.

Ajudei em outro, que é "Eliminado", da Grace de León. Ficou tosco mas divertido. Hehe.

É isso, votem aí!

Abraços,

Gui