sexta-feira, 13 de julho de 2012

Alvorecer

por Gui Campos

Silêncio. Nasce um poema.
Espreita, curioso, cada verso que aparece.
Assim, sem força, vem a este mundo
um emaranhado de palavras
que pouco a pouco torna-se
Poema.

Tristes noites insones,
solidão, lágrimas de amor,
alegrias, dor, o amigo ausente...
Tudo, e cada coisa, estão presentes
nas linhas do papel.

Mas não te reconheces, nem a ninguém.
Está escondido em entrelinhas
o sentimento uma vez vivido.
E sem celeuma, alarde ou ufania
brota nas gretas das palavras frias.

E como uma semente,
espera.

No peito de quem lê desponta um broto
que, rápido, invade todo o corpo.
Quem lê traz dentro de si
um enorme jardim de fantasia.

Ali floresce, invisível,
sem pressa, no cuidar de cada dia.

Nasce, neste mundo de concreto,
uma perfumada flor
de gentileza
e poesia.



setembro de 2010